Publicidade

sábado, 20 de julho de 2013

Traumatismo Cranioencefálico

DEFINIÇÃO

Lesão do crânio e/ou encéfalo causada por agressão física externa, que pode produzir alteração no nível de consciência e resultar em comprometimento das habilidades cognitivas, físicas e comportamentais.
Principais causas de morte entre os jovens.

CAUSAS

Quedas (< 3 anos);
Acidentes automobilísticos (maiores e adolescentes);
Agressões (24% das lesões cerebrais < 2 anos);
Qualidade de atendimento = prevenção de lesões secundárias = melhor prognóstico;
5% das vítimas morrem no local do atendimento.

LESÕES PRIMÁRIAS

Pelo impacto (gravidade da lesão), dois mecanismos:

1 - Traumatismo direto

Sangramentos de couro cabeludo;
Fraturas fechadas ou abertas ou afundamentos;
Hematoma epidural;
Contusões;
Lacerações cerebrais.

2 - Ações de forças inerciais (Cisalhamento de neurônios e vasos)

Hematoma subdural;
Hemorragia subaracnóide;
Concussão;
Lesão axonal difusa;
Ruptura da dura-máter.

TIPOS ESPECÍFICOS DE TRAUMA CRANIANO

As lesões cerebrais são divididas em:
  • Fratura de crânio;
  • Lesão cerebral difusa;
  • Lesão focal;
  • Lesão penetrante;
  • Lesões de couro cabeludo.
1 - Fratura de Crânio

A identificação é muito importante - possibilidade da presença ou desenvolvimento de hemorragia intracraniana;
Paciente deve ficar sob observação.

Tipos:
  • Fratura linear sem afundamento;
  • Afundamento craniano;
  • Fratura de crânio aberta;
  • Fratura de base do crânio.
 - Fratura linear sem afundamento
  • Não requer tratamento específico;
  • Observação se houver suspeita de lesão cerebral;
  • Fraturas que cruzem leito vascular ou suturas cranianas - possibilidade de hematoma epidural.
- Afundamento craniano
  • Pode não ser emergência cirúrgica, dependendo da lesão cerebral.
  • Risco de sequelas graves e crises convulsivas de difícil controle. 
  • Geralmente o tratamento é cirúrgico, com retirada e elevação do fragmento ósseo.
- Fratura de crânio aberta
  • Comunicação direta entre o escalpe lacerado e a substância cerebral;
  • Condição diagnosticada por tecido cerebral visível ou perda de LCR (líquido cefalorraquidiano);
  • Tratamento cirúrgico.
- Fratura de base de crânio
  • Otoliquorréia;
  • Rinoliquorréia;
  • Equimose na região mastoidea (sinal de Battle);
  • Sangue na membrana timpânica (hemotímpano);
  • Equimose periorbitária (olhos de guaxinim).
2 - Lesão Cerebral Difusa

Geralmente produzida por rápidos movimentos da cabeça (aceleração e desaceleração).

- Concussão
  • Distúrbio que não se associa a lesão anatomopatológica;
  • Perda rápida das funções neurológicas, com possível confusão ou amnésia temporária;
  • Perda temporária ou prolongada de consciência; 
  • O paciente pode apresentar cefaleia, náusea e vômitos, mas sem sinais de localização, devendo ficar em observação até cessar a sintomatologia.
- Lesão Axonal Difusa
  • Coma prolongado;
  • Lesão de alta velocidade com estiramento ou chacoalhamento do tecido cerebral;
  • Mortalidade de 33%;
  • Em casos mais graves, de 50%, geralmente por aumento da PIC secundária ao edema cerebral, causado por mini hemorragias (petequias) em substancia branca; 
  • Pacientes em coma – diagnóstico com posturas de descerebração ou decorticação.
3 - Lesão Focal

As lesões focais consistem em:
  • Contusões; 
  • Hemorragias; 
  • Hematomas.
Normalmente exigem tratamento cirúrgico.

- Contusão
  • Única ou múltipla; 
  • Geralmente associada a uma concussão;
  • Caracteriza-se por longo período de coma e confusão mental;
  • Pode ocorrer na área de impacto ou em áreas remotas (contragolpe); 
  • Lobos frontais e temporais são os locais mais comuns desse tipo de lesão.
- Hemorragia Intracraniana

Classifica-se em meníngea e cerebral. Devido a grande variação de local, tamanho e rapidez de sangramento, o quadro clínico também é variável.

# Hemorragia meníngea
  • Se subdivide conforme sua localização:
      Hematoma epidural;
      Hematoma subdural;
      Hemorragia subaracnóide.

- Hematoma epidural
  • Coleção de sangue entre a dura e o crânio;
  • Lesão de uma artéria dural - artéria meníngea média;
  • Geralmente o tecido cerebral não é lesado;
  • Evolução é rapidamente fatal; 
  • Lesão associada a fraturas lineares temporais ou parietais.
  • Sinais e sintomas:
      Perda de consciência seguida de um período de lucidez;
      Perda progressiva da consciência;
      Hemiparesia e Anisocoria;

Se não tratado rapidamente pode evoluir para uma lesão secundária devido o aumento da PIC.

- Hematoma subdural
  • Mais comum que os hematomas epidurais,
  • Ocorre por rotura de veias entre córtex e dura;
  • A fratura de crânio está ou não presente;
  • Prognóstico melhora quanto mais precoce a intervenção cirúrgica.
  • A compressão cerebral lenta pela expansão do hematoma causará sintomas dentro de poucas horas ou dias:
§  Cefaleia;
§  Irritabilidade;
§  Vômitos;
§  alteração do nível de consciência;
§  Anisocoria;
§  alterações sensitivas e motoras.

- Hemorragia Subaracnóide
  • Esse tipo de hemorragia leva a um quadro de irritação meníngea – sangue no LCR;
  • Paciente queixa-se de cefaleia e/ou fotofobia;
  • tratamento clínico.
 # Hemorragia Intracerebral
  • A perda sanguínea ocorre no próprio tecido cerebral.
4 - Lesões Penetrantes
  • Penetração de corpo estranho intracraniano;
  • Não deve ser removido no local - só deve ser retirado em centro cirúrgico;
  • Fixá-lo se for o caso, para que ele não produza lesões secundárias no transporte.
- Ferimento por arma de fogo
  • Quanto maior o calibre e a velocidade do projétil, maior a probabilidade de lesões graves e até letais.
  • Cobrir a entrada e saída do projétil com compressa esterilizada até o tratamento neurocirúrgico ser providenciado.
- Ferimento de Couro Cabeludo
  • Apesar da aparência dramática, o escalpe geralmente causa poucas complicações.
  • A localização e o tipo de lesão nos dão a noção de força e direção da energia transmitida.
Perda sanguínea:
  • O sangramento por lesão de couro cabeludo pode ser extenso e, especialmente em crianças, levar ao choque hipovolêmico; em adultos, sempre procurar outra causa para o choque.
  • Localizar a lesão e parar o sangramento por compressão; a grande maioria dos sangramentos é controlada com aplicação de curativo compressivo.

CONDUTAS

Inspeção da lesão:
  • Avaliar a lesão para detectar fratura de crânio, presença de material estranho abaixo da lesão de couro cabeludo e perda de líquor.
  • Avaliar a gravidade: Anamnese + Exame físico.
Trauma grave (TC e UTI são obrigatórios)
  • Sinais neurológicos focais;
  • Fraturas com afundamento de crânio;
  • Fraturas aberta;
  • Lesões penetrantes;
  • Glasgow < 10 sem causa definida;
  • Convulsões;
  • Uso de drogas;
  • Alterações da perfusão cerebral;
  • Fatores metabólicos.

ABORDAGEM CLÍNICA
  • A-B-C-D;
  • Exame da cabeça;
  • Deformidade, edema e dor á palpação cervical à manter imobilização cervical;
  • Lacerações e depressões em couro cabeludo à investigação de ferimento penetrante, corpo estranho, afundamento e lesões durais;
  • Fraturas de base do crânio;
  • Hemotímpano à fratura de temporal;
  • Fontanela abaulada à HIC;
  • Padrão respiratório;
  • Exame neurológico:
Escala de Coma de Glasgow


Avaliação Pupilar



TRATAMENTO DE EMERGÊNCIA
  • Transporte imediato com aporte de oxigênio (a hipóxia agrava o edema cerebral);
  • Cabeça elevada em 30°, o que facilita o retorno venoso, atenuando o edema;
  • Havendo ferimento, enfaixar a cabeça, porém sem exercer pressão no curativo, pois em caso de fratura de crânio, a compressão pode lesar o cérebro com fragmentos ósseos, agravando o quadro;
  • Evitar lesões secundárias, através da otimização da oferta e da diminuição do consumo cerebral de oxigênio;
  • Manter vias aéreas pérvias;
  • Manter normovolemia;
  • Reposição deve ser feita preferencialmente com cristalóides;
  • Evitar utilização de soro glicosado;
  • Passagem de sonda vesical para controle do balanço hídrico;
  • Sedação;
  • Monitorização da pressão intracraniana (PIC), nos pacientes com traumas graves.

PREVENÇÃO

- Esportes e brincadeiras
  • Capacetes para ciclismo, skate, patins e hipismo;
  • Superfícies lisas e brinquedos com peso reduzido nos locais de recreação;
- Quedas
  • Colocação de redes e grades nas janelas;
  • Não utilizar andadores;
  • Evitar lajes ou vãos livres altos;
  • Usar portões próximos às escadas.
- Veículos Automotores
  • Capacetes para motociclista e acompanhantes;
  • Cinto de segurança em automóveis e próprio para criança no banco traseiro;
  • Airbags como equipamento obrigatório;
  • Prevenção e combate ao uso de álcool e outras drogas.

Por: Delvândio Carvalho
Enfermeiro Especialista

Aprenda um pouco mais sobre conteúdos da área de Emergência. Aproveite e encontre excelentes livros que tratam de Emergências médicas clicando nos links abaixo:
Livro Emergências Clínicas - Abordagem Prática - 8ª Ed. 2013 COMPRE AQUI
Livro Atualização em Emergências Médicas COMPRE AQUI
Livro Emergências em Clínica Médica COMPRE AQUI
Manual de Pronto-socorro COMPRE AQUI
Livro Procedimentos em Emergências COMPRE AQUI
Livro Fundamentos de Emergências Clínicas COMPRE AQUI
Guia de Bolso de Pronto-socorro COMPRE AQUI

Nenhum comentário :

Postar um comentário